Raro é o espectáculo que me faz chorar uma vez. O que dizer de um que me faz chorar duas vezes? “Sopro”, o mais recente trabalho de Tiago Rodrigues, teve esse efeito. Desenganem-se, no entanto, se pensam que é uma obra pesada. Não é o caso, pois também ri muito. Apenas os momentos tocantes são mesmo tocantes.
A premissa para este espectáculo era colocar em palco uma figura habitualmente invisível: o ponto. A Cristina Vidal, ponto do Teatro Nacional D. Maria II há mais de 25 anos, coube essa função. Sempre visível, vai pontando os actores que nos remetem para a sua história, para a história do teatro, e para a história dos que que nele habitam. Num misto de ficção e realidade, Tiago Rodrigues prende-nos do principio ao fim com histórias, memórias, e outras peças dentro da peça, entrelaçadas com mestria.
Os actores (Beatriz Brás, Isabel Abreu, João Pedro Vaz, Sofia Dias, Vítor Roriz) são seguríssimos, não tivessem a ponto sempre por perto, e emprestam emoção e humor em doses certas.
Se me pedirem uma expressão que me fique deste espectáculo, eu diria que trata de dar voz aos que não têm voz. Estarei a “ler” demais? Eu acho que não.
O vento sopra no inicio e no final do espectáculo. E que bons augúrios traz.
Entrevista de Cristina Vidal ao Coffeepaste
2-19 novembro 2017
11 a 19 janeiro 2019
Teatro Nacional D. Maria II
Lisboa
coprodução
ExtraPôle Provence-Alpes-Côte d’Azur, Festival d’Avignon, Théâtre de la Bastille, La Criée Théâtre national de Marseille, Le Parvis Scène nationale Tarbes Pyrénées, Festival Terres de Paroles Seine-Maritime – Normandie, Théâtre Garonne scène européenne, Teatro Viriato
apoio Onda