Peter Brook é um dos mais influentes e respeitados encenadores vivos. Aos 92 anos continua a trabalhar, e ainda este mês trouxe ao Teatro Nacional D Maria II o espectáculo “Battlefield”.
Por ter começado a escrever sobre cultura, decidi “educar-me” ainda mais, por assim dizer, lendo uma série de livros de referência, que não tinha tido oportunidade de ler. Assim, em 2017, li “O Espaço Vazio“, de 1968.
É de notar que um livro escrito há quase 50 anos continue tão relevante nos dias de hoje. Brook explora o seu amor pelos palcos, e traz-nos um conjunto de escritos que celebram o teatro, adaptados de conferências por ele proferidas.
O livro divide-se em quatro partes: “O Teatro do Aborrecimento Mortal” (o tradicional), “O Teatro Sagrado” (ligado aos chamados “happenings”), o “Teatro Bruto”(o teatro cruel), e o “Teatro Imediato” (o teatro actual).
Peter Brook leva-nos numa viagem às várias fases e desenvolvimentos do teatro do século XX (até ao final dos anos 60). Aborda o trabalho de, entre outros, Artaud, Stanislavsky, Brecht, Meyerhold, Grotowski, e Beckett, e refere actores de referência nesses anos, como sejam Laurence Olivier e John Gielgud.
O autor escreve de forma apaixonada sobre uma realidade que, à época, já vivia há várias décadas. O livro mostra-nos como o teatro desafia as regras, cria ilusão, e deixa marcas duradouras no público. É notável que, décadas depois destes escritos, Peter Brook continue o seu caminho com o mesmo entusiasmo, em prol do teatro e da cultura.
O Espaço Vazio
de Peter Brook
Tradução: Rui Lopes
Edição: Orfeu Negro
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