Lu Nan é um fotógrafo documental chinês, ligado à agência Magnum, que há décadas retrata a realidade do seu país e países próximos. De personalidade muito reservada, selecciona criteriosamente as exposições que aceita realizar.
Esta exposição, patente no Museu Berardo (Centro Cultural de Belém) até 14 de janeiro de 2018, tem o nome de “Trilogia” e está dessa forma organizada. Tal como refere o curador João Miguel Barros, pode-se traçar um paralelismo com a trilogia clássica representada na Divina Comédia de Dante Alighieri. Parece-me apropriado.
O Inferno está assim representado na série fotográfica realizada em hospitais psiquiátricos no final dos anos 80 do século XX (“O Povo Esquecido”). São imagens fortíssimas, que retratam de forma crua (algumas custam a ver) o sofrimento humano.
O Purgatório é ilustrado pelo conjunto de fotografias que o autor captou entre 1992 e 1996, e mostra a vida das comunidades católicas nas zonas rurais da China (“Na Estrada”). É, de certa forma, surpreendente ver tantos símbolos católicos num país maioritariamente budista.
O Paraíso revela-se no trabalho que Lu Nan realizou de 1996 a 2004 no Tibete (“Quatro Estações”), documentando a vida quotidiana dos camponeses desta região.
Nesta exposição fica presente a realidade de certa região do oriente, com os seus contrastes, bem visíveis nas três partes que compõem a trilogia.
Museu Berardo