Que têm em comum Lisboa, Rio de Janeiro, Ponta Delgada, Loulé, Minde, Paredes de Coura, Sever do Vouga, Ovar e Manaus? Foram os locais onde Raquel André coleccionou os 137 amantes que compõem a colecção que nos apresenta no palco do Teatro Nacional D Maria II. O espectáculo estreou nesta sala em 2015, correu várias cidades, e aqui volta com um elenco de amantes reforçado.
Esta é a primeira colecção da série “Colecção de Pessoas”. A artista já apresentou a sua “Colecção de Coleccionadores”, e prepara a “Colecção de Artistas” e a “Colecção de Espectadores”. Todas tem em comum encontros com pessoas das mais diversas proveniências, experiências, géneros e passados. Raquel priva com elas, e retira desses encontros emoções, segredos, objectos, estatísticas e, em alguns casos, lágrimas.
Duas palavras que retive desta performance foram “intimidade” e “solidão”. Raquel André torna-se intima de cada um dos seus 137 amantes, uns de forma mais próxima do que outros, mas é uma característica sempre presente nestes encontros e no espectáculo. Outro tema que percorre muitos dos testemunhos é a solidão e de como, por uma hora, se pode enganá-la.
Raquel desfia números e histórias desses encontros que são, por vezes engraçados, por vezes comoventes, por vezes ambos.
O suporte multimédia a que nesta performance recorreu foi a fotografia. Mais de 5000, que ao longo de três anos reuniu no seu computador, e num disco externo.
O final do espectáculo é um momento de revelação e de partilha particularmente tocante.
“Colecção de Amantes” está em cena até dia 22 de Novembro.
Raquel André em entrevista ao Coffeepaste, onde fala das suas colecções, do seu percurso, e do acto de criar.
15 – 22 novembro 2017
Teatro Nacional D Maria II
Lisboa
cocriação António Pedro Lopes, Bernardo de Almeida, Raquel André
sonoplastia Tiago Martins
design de som João Neves
adaptação de luz e direção técnica em digressão Eduardo Abdala, Cárin Geada
parceria Festival Tempd d’Images e LEFFEST
Foto Alípio Padilha