Conhecendo algum do trabalho da Inês Campos bem como alguns dos meios em que se movimenta fez com “Coexistimos” fosse a peça escolhida para assistir durante este “Cumplicidades”.
Partindo do conceito de colagem de metáforas a Inês transporta-nos, inicialmente, para um carrocel de emoções em que os jogos de luz e som fazem o ritmo de um dia frenético abrandar.
Nos 30 minutos em que estamos mergulhados na performance somos inundados por diversos conceitos de imagem e movimento que, apesar de distintos e até independentes, fluem de uma forma natural – a performance parece uma viagem de montanha russa que começa lenta como que a garantir o tempo necessário para interiorizar o momento. Chega então ao topo de onde se desprende vertiginosamente num subir e descer de caminho até abrandar novamente num momento em que a força da música “Quando eu era pequenina” pela voz julgo da própria Inês nos devolve à entrada da montanha russa.
De salientar o trabalho de recolha, de mistura mas também da equipa de cenografia: apesar de pequenos e simples todos os objetos estavam bem pensados e executados.
Saí da performance com a perfeita noção que estamos na presença de uma grande intérprete e criadora e que este “Coexistimos” pode, ele próprio desdobrar-se e dar origem a fragmentos separados. A Inês apresenta-se já como um nome importante no mundo da Dança Contemporânea Portuguesa mas consigo facilmente imaginá-la na linha da frente neste país nos próximos 10 anos. E nós estaremos cá para continuar a assistir e aplaudir.
Coexistimos, de Inês Campos (Festival Cumplicidades)
10-16 março 2018
Espaço Alkantara
Lisboa
Concepção e Interpretação Inês Campos
Sonoplastia Filipe Fernandes e João Grilo
Desenho de Luz & Execução Mariana Figueroa
Projecção e desenhos Raphaël Decoster
Adereços & cenografia Inês Campos, Mariana Figueroa e Marta Figueroa
Aconselhamento artístico Pietro Romani
Fotografia Promocional Raphaël Decoster
Registo Audiovisual Marta Figueroa