Padrão dos Descobrimentos, manhã.
Chegar a Belém é sempre sentir-se pequeno no meio de toda aquela arquitetura tão imponente.
Somos levados, em grupos de 5 pelo Tiago Cadete. Com auscultadores ouvimos o que é a apresentação dessa Grande Exposição do Mundo Português de 1940. Somos apresentados a esse Portugal grandioso que com a sua mão protetora e o seu abraço conciliador se apresenta como o descobridor, o salvador de várias nações que até serem descobertas estavam perdidas.
Ruído.
Cidade.
Construção.
Reconstrução.
As diversas camadas das cidades podem ser praticamente comparadas com as diversas camadas das verdades da história. Recordo as aulas de História na escola e todo o capítulo sobre os Descobrimentos. E lembro-me de ter correspondentes no Brasil que me falavam não dos grandes navegadores das descobertas, mas dos colonos que tinham como máxima o doutrinamento religioso.
De um lado tínhamos os núcleos das Aldeias Portuguesas – uma versão recauchutada do atual Portugal dos Pequenitos; de outro apareciam os diversos pavilhões ligados à Vida Popular, aos Descobrimentos…
Esta exposição – irmã pobre das grandes exposições que pelo mundo se faziam – tinha tudo para levar este Portugal ao estrelato mundial. Mas com a tendência sebastiânica de perda no nevoeiro também ela ficou perdida quando comparada com o grande evento da Segunda Guerra que atravessava esta Europa.
Caminhamos. O grupo, em silêncio. A chuva começa a pingar – quase que para adequar à temática de reconhecimento desta grandeza silenciadora.
Ouvimos falar da Nau Portugal e do seu fatídico destino que não parece mais do que um presságio.
E enquanto ouvimos, ouvimo-nos. Porque somos Portugueses criados nesta essência de Descobridores, de Colonos. De Império. E quase nunca nos lembramos do que isso custou para os descobertos, os colonizados. Para os povos. Em jeito de resumo é essa a mensagem principal passada no excelente texto conclusivo – só quando conseguirmos olhar-nos no espelho (nós – cada um e nós – Portugal), quando conseguirmos ver, através do reflexo, o que realmente somos (ou o que fomos) é que estamos no ponto certo para caminhar, lado a lado, para um futuro justo e equilibrado.
Portugal é mesmo um país com um grande passado pela frente.
Entrevista de Tiago Cadete ao Coffeepaste
Criação e interpretação: Tiago Cadete
Olhar exterior: David Marques e Catarina Vieira
Figurino: Carlota Lagido
Assessoria de imprensa: Mafalda Simões
Produtora: Ana Lobato
Produção: Co-pacabana
Teaser: Afonso Sousa e Tiago Cadete
Fotografias promocionais: José Carlos Duarte
Co-Produção: Temps d’Images
Apoio: Fundação Calouste Gulbenkian; Câmara Municipal de Lisboa – Fundo de emergência social – Cultura; Padrão dos Descobrimentos; Má-Criação