“Bloom” – Clarisse Rêgo
Começamos a noite a entrar numa sala onde se vê um corpo no topo de uma estrutura de madeira. Entramos ainda com o ritmo que trazemos da rua, do trânsito, do ruído. Tudo está calmo – a sala está preparada para nos receber. Um corpo, parado. Um corpo, objeto. Durante o tempo da peça somos conduzidos à análise do pormenor, do mínimo movimento. Somos transportados para a capacidade de interpretar esse corpo e tenho quase a certeza que, para cada um de nós, a história contada era uma história diferente. Fomos balançando entre um olhar desafiante de quem se expõe e a vulnerabilidade de quem se esconde, enrolando-se sobre si mesma. E a verdade é que todos somos um pouco de cada uma destas versões.
“El Universo no se asemeja a nada” – Bruno Brandolino
Somos seres sociais – e como tal, damos por nós muitas vezes como meros observadores ávidos do outro. Nesta performance o Bruno explora esse nosso lado voyeur: somos observadores da sua “jornada sonora escato-sexual”, somos expostos à sua intimidade e somos também levados a lugares menos frequentados na nossa cabeça. Vemos um corpo, um movimento cadenciado mas nem por isso descuidado mas não vemos um rosto. Envolvidos, atraídos, seguimos com o olhar em busca do que ainda não vimos. E seguimos e respondemos nós, com o olhar, ao convite final.
Cartografias #2 – Uma iniciativa Forum Dança
3 a 19 de Outubro 2019
Lisboa