“Un faible degré d’originalité” começa com uma oferta ao público e termina com um convite irrecusável.
O Antoine apresenta-nos, de uma forma despretenciosa mas muito interessante uma caminhada tortuosa pelos caminhos das obras e dos direitos dos autores. Um caminho muitas vezes envolto em neblina – na neblina jurídica, falaciosamente interpretada e adaptada ao sabor do vento. Nesse caminho cronológico somos pontuados de humor e ironia com o importante objectivo de despertar consciências: a arte é mais do que tudo de quem a produz mas assim que é produzida a sua divulgação permite a educação de uma população. Os Direitos de Autor na sua génese foram criados com esta ideia mas, como quase tudo o que envolve dinheiro, foram igualmente deturpados para se atingirem determinados fins nomeadamente o enriquecimento de estruturas que não produzem arte, apenas a possuem. O momento mais incrível para mim foi a apresentação da história rocambolesca sobre os direitos de autor de Ravel e a forma sórdida como uma coisa simples como a música se tornou um negócio e uma luta de interesses.
Esta conferência-em curso sobre a propriedade intelectual tenta mostrar-nos ambas as vertentes da montanha escalada e serve igualmente como exortação – só uma sociedade organizada permite que a cultura flua, que os artistas sejam remunerados justamente; isso só acontece quando todos nós compreendemos a importância da arte na nossa vida, na nossa educação e na nossa evolução enquanto sociedade.
Somos recebidos com ofertas de bolachas Filipinos mas o alimento com que somos presenteados é muito maior: a capacidade crítica e de análise de uma situação que impacta todos.
Un faible degré d’originalité, de Antoine Defoort
(Alkantara Festival)
6 – 7 junho 2018
Teatro Nacional D Maria II
Lisboa
Reflete, faz esquemas e fala em voz alta Antoine Defoort
Encarrega-se da produção e urde planos Marion Le Guerroué
Antecipou e resolve os problemas técnicos Robin Mignot
Testou as ideias Mathilde Maillard
Dramaturgiou (do verbo dramaturgiar) e tergiversou Julie Valero
Concebeu e fabricou um notável púlpito Francis Defoort
Fez bricolage Sébastien Vial
Coordena os projetos Marine Thévenet
Alimentou a reflexão e pôs em perspectiva Julien Fournet
Fizeramos contratos, as declarações e muitas outras coisas Kevin Deffrennes, Margot Vouters, Camille Bono
Escreveu um artigo sobre a sucessão de Maurice Ravel Irène Inchauspé
Apoiou indefetivelmente o projeto Le Vivat
Produção l’Amicale de production
Coprodução Le Vivat – Scène conventionnée danse et théâtre d’Armentières, le phénix scène nationale Valenciennes pôle européen de création / Le Centre National de la Danse (CND, Paris) / Bit Teatergarasjen (Bergen, Noruega) / le CENTQUATRE (Paris)/ le Beursschouwburg (Bruxelas, Bélgica)
Apoio Le PianoFabriek (Bruxelas, Bélgica)
Apoio à difusão Instituto Francês
Tradução e legendagem Joana Frazão