O sonho europeu ainda existe? Alguma vez existiu? Direitos humanos, emigração, integração, independência monetária, dependência monetária, o papel da mulher, o papel do outro. Todos estes temas e mais estão presentes nesta encenação de João Pedro Mamede do texto de Davide Carnevali.
Um homem, uma mulher, e o outro. São as três personagens-tipo em palco. Estas transformam-se ao longo do texto em outros homens, outras mulheres, e outros outros.
Parte do texto revisita-nos ao longo da peça, repetindo-se quase literalmente. Assim, percebemos que as mesmas palavras, aplicadas a pessoas e situações diferentes, continuam a ter força.
Como cenário temos um jardim. Um jardim de pregos, trabalho de Ângela Rocha. As cores que pontuam a cena, azul e amarelo, remetem para a bandeira da União Europeia. Tudo o resto é cinza.
A presença do pianista Daniel Bernardes em cena, improvisando ao vivo em torno da nona sinfonia de Beethoven, acrescenta à paisagem árida uma paisagem musical que sustenta as palavras ditas.
Esta é a segunda encenação de João Pedro Mamede, muito bem conseguida. Equilibra ritmo, tensão e humor nas doses certas. O futuro promete.
Sweet home Europa, de Davide Carnevali (Encenação João Pedro Mamede)
8 – 27 março 2018
Teatro Nacional D Maria II
Lisboa
texto Davide Carnevali
encenação João Pedro Mamede
tradução Tereza Bento
com João Vicente, Isabel Costa, João Pedro Mamede
música Daniel Bernardes
cenografia Ângela Rocha
figurinos Gonçalo Quirino
desenho de luz João Cachulo
sonoplastia e desenho de som André Pires
assistência de encenação Catarina Rôlo Salgueiro
produção TNDM II
M/14