O filme Tropical Malady de Apichatpong Weerasethakul e o solo Flecha (criação de 2016 da artista) foram os pontos de partida para a performance “Raioraio Lamalama”. Esta ainda vai sofrer transformações, mas o que vimos já corresponde a um trabalho muito apurado e pensado.
Entramos na sala e Luara Learth Moreira está imóvel num dos cantos. Começa a performance vestida, com muita intensidade na expressão facial, e lentamente mancha a cara de vermelho.
Num segundo momento, já nua, assume em sequência varias poses animais, plenas de energia e intenção. Cobre a cara com o cabelo, dando-lhe um nó, e quase cega continua a performance ao nível do chão, da “terra”. Nesse momento, o corpo transforma-se, em poses primais, cruas, mas mas ao mesmo tempo de um alto rigor no movimento. A nudez é, intencionalmente, “in your face” traduzindo essa característica primal. A proximidade da artista com o público convoca-o, coloca-o numa posição de maior relevo, obrigando-o a observar com ainda mais atenção.
No final da performance, Luara revela de novo a cara, em poses intensas quer facial quer corporalmente, fechando o ciclo.
Questões como o papel da mulher, a fronteira entre homem e animal, entre vários animais, e o nosso lugar no mundo são intuídas.
São muitos corpos, humanos e animais, num só corpo, numa performance que nos agarra do principio ao fim e nos faz querer ver mais do que a artista tem para oferecer.
Raioraio Lamalama, de Luara Learth Moreira
18 e 19 de janeiro 2019
Rua das Gaivotas6
Lisboa
concepção e performance Luara Learth Moreira
dramaturgia Luara Learth Moreira e Leonardo Mouramatheus
vídeo Clara Consentino
sonoplastia Letícia Fialho
apoio O Rumo do Fumo
residência artística (Re)union Thematic Residency Centro de Creacion Contemporânea – Córdoba | LAROYÊ | EPARREY