O que pode um corpo? O que podem dois corpos? O que pode um corpo sem órgãos? São questões levantadas na mais recente criação de André Braga e Cláudia Figueiredo para a Circolando. Esta estrutura, que numa primeira fase de um atribulado concurso de apoio às artes não foi contemplada, foi depois repescada quando o Governo abriu os cordões à bolsa.
Os interpretes André Braga e Paulo Mota, com música ao vivo de Pedro Augusto, levam-nos numa viagem pelo corpo e por várias questões filosóficas sobre o corpo e o seu papel, ora frenética ora contemplativa.
Quando entramos na sala vemos os dois interpretes a correr sem sair do sítio. Metáfora para os tempos actuais?
O espectáculo tem vários momentos marcantes, uns focados no corpo dos performers, outros no dispositivo cénico.
É de salientar o uso do vídeo ao vivo, recurso privilegiado nas criações da dupla Braga e Figueiredo. A certa altura vemos um corpo onde é projectado outro corpo, que está a ser filmado em palco. E é curioso como nos damos conta que estamos a olhar para a projecção em vez de para o original.
Um espectáculo forte, com imagens que ficam na memória, de uma estrutura importante da cena das artes performativas que importa continuar a apoiar.
Raio X, de André Braga e Cláudia Figueiredo
13 a 15 de abril 2018
São Luiz Teatro Municipal
Lisboa
Criação: André Braga, Cláudia Figueiredo com toda a equipa;
Interpretação: André Braga e Paulo Mota;
Música ao vivo: Pedro Augusto;
Vídeo: Vítor Costa;
Luz: João Abreu;
Produção: Ana Carvalhosa (direção) e Cláudia Santos;
Apoio à Realização plástica: Rodrigo Queirós