Quando se vê um espectáculo como este, percebemos a falta que fazem produções de grande fôlego, com grandes elencos (em tamanho e qualidade), nos grandes palcos. Assim, o Teatro Nacional D Maria II cumpre parte da sua missão, cumprindo outra parte ao trazer à cena grandes textos da história do teatro.
A acção passa-se num albergue, onde se reúne um conjunto heterogéneo de pessoas, que têm em comum a miséria material. São pessoas que, por uma razão ou outra ali acabam e, nalguns casos, ali morrem.
Jorge Silva Melo encena e foi coautor do texto, tarefa certamente difícil mas bem conseguida. Reflete-se sobre a dita miséria, sobre a condição humana, e sobre os valores nela presentes (ou dela ausentes). A alternância entre a acção da peça e o “coro dos oprimidos” (que ocupa a boca de cena) é muito bem conseguida. Esse coro que, de tempos a tempos, como que interpela o público, remete para a reflexão sobre os temas abordados.
O elenco é muito competente e, desde os consagrados aos emergentes, cumpre bem o seu papel, guiando-nos pela trama com ritmo e rigor.
O Grande dia da batalha, de Jorge Silva Melo
18 jan – 25 fev 2018
Teatro Nacional D Maria II
som André Pires
apoio musical Rui Rebelo
luz Pedro Domingos
fotografias Jorge Gonçalves
M/12