Eram 22h00 no dia 7 de Abril quando uma muito composta sala se prepara para receber Liniker e os Caramelows.
A expectativa do público é imensa: para os que já viram, aguardam a repetição de um concerto bombástico; para os que, como eu, vão pela primeira vez tudo o que foi contado sobre os concertos anteriores faz esperar uma noite de arromba.
Ver o Capitólio de pé é, já por si, uma vitória para quem sempre sonhou com um centro de Lisboa mais vivido, mais cultural e mais dinâmico – já por isto a noite ficou ganha.
O concerto foi aberto por Conan Osíris, nome emergente na música nacional. Durante o que me parece ter sido uma hora apresentou o seu trabalho – uma mistura de funaná, fado, bollywood a quem, independentemente das preferências de cada um, é praticamente impossível ficar indiferente.
Depois, chega o momento da noite: Os Caramelows entram em palco e, durante a malha de introdução, entra a Liniker. Dona de uma presença de palco contagiante, de uma voz que, como muitos já referiram, lembra o saudoso Tim Maia e de uma energia inesgotável tomou conta do palco e da plateia. Apesar de não estar nos circuitos mais comerciais entende-se que tem um público fiel que a segue: nota disso foi a quantidade de músicas cantadas em conjunto.
Liniker afirma-se como uma activista social que coloca a voz e o corpo ao serviço da mensagem de amor, de luta, de aceitação que o nosso mundo precisa. Liniker é uma cantora de afectos e foi no meio destes que, a média luz, fomos envolvidos enquanto nos explicava as dificuldades de ser mulher, negra, lésbica, travesti no mundo e, principalmente no Brasil, onde as taxas de homicídio destas cidadãs são elevadíssimas. Sempre à média luz neste que foi o momento mais emotivo da noite Liniker dá início à música “Zero” que foi a mais cantada da noite.
O concerto termina em festa, com apresentação de um novo single do próximo álbum que está no forno, quase quase a sair e que se prevê um novo e retumbante êxito.
É com muito gosto que digo que a Música Brasileira e o Parque Mayer estão de boa saúde e se recomendam.
Liniker
Rafael Barone – baixo
William Zaharanszki – guitarra
Pericles Zuanon – bateria
Renata Éssis – coros
Marja Lenski – percussão
Fernando TRZ – teclista
Eder Araújo – saxofone
Liniker e os Caramelows
07 abril 2018
Capitólio
Lisboa