Magia. É o que se passa e vai passar em palco até 28 de janeiro no Teatro Municipal S. Luiz. Bruno Nogueira, Carolina Amaral, Miguel Guilherme, Nuno Lopes e Rita Cabaço desdobram-se em mil e uma personagens da sua história pessoal e das suas histórias em palco.
O espectáculo parte de uma série de entrevistas que o encenador, Marco Martins, fez aos cinco interpretes. Daí surgiram as histórias, umas verdadeiras e outras não se sabe, que compõem as quase três horas da acção. São excertos biográficos que foram muito trabalhados, e cujo resultado é impressionante.
Ao longo da peça, e dos VI actos que a compõem, assistimos deleitados a representações da vida privada de cada um dos actores, da sua vida em palco, na televisão, e em estúdio.
Neste, que foi um processo de co-criação, transparece a personalidade de cada um dos interpretes, em momentos que vão do burlesco ao introspectivo, do embaraçoso ao hilariante.
Os cinco interpretes, de gerações diferentes, têm em comum o amor aos palcos e são de uma entrega comovente. (Numa nota mais pessoal, declaro que ver um actor trabalhar é uma das actividades que mais me dá gosto e deslumbra).
O dispositivo cénico, como Marco Martins já nos habituou, é despojado de grande alarido. Um pequeno estúdio de gravação, e cá fora uma sala de ensaio/palco/sala de audições onde passam as histórias representadas.
Termino pelo principio: Ao entrar na sala, deparamo-nos com a projecção das fotos feitas às experiências de Duchenne de Boulogne, em que induzia choques electricos em pacientes por forma a simular as emoções humanas. Será um paralelismo com o espectáculo, em que os 5 actores são também induzidos por estímulos exteriores a representar, ora cenas, ora emoções dentro de cenas.
Por tudo isto, e por muito mais que ficou por dizer, este é um espectáculo absolutamente a não perder.
Entrevista de Marco Martins ao Coffeepaste, onde fala do espectáculo, de teatro, e de cinema.
São Luiz Teatro Municipal
Lisboa
Apoio dramatúrgico: Alexander Gerner
Colaboração: Vânia Rovisco e Victor Hugo Pontes
Assistência de encenação: Rita Quelhas
Assistência de encenação (residências): Rita Quelhas e Guilherme Branquinho
Direção de produção: Mariana Brandão
Interpretação: Bruno Nogueira, Carolina Amaral, Miguel Guilherme, Nuno Lopes, Rita Cabaço
Cocriação: Bruno Nogueira, Luísa Cruz, Miguel Guilherme, Nuno Lopes, Rita Cabaço
Desenho de luz: Nuno Meira
Sonoplastia: Sérgio Milhano
Figurinos: Isabel Carmona;
Residência artística: Oficina/Centro de Criação de Candoso
Apoio: Fundação D. Luís I/Câmara Municipal de Cascais
Agradecimento: Pólo Cultural das Gaivotas