Latoaria. Um espaço não convencional na Graça. Um espaço reconfigurado para acolher a nova produção das Divas Iludidas, “A Rainha”.
Entramos dois a dois na sala do trono. Somos anunciados à rainha pelo mestre de cerimónias: “Pedro, notário”, “Cristina, filósofa”, “Paulo, motorista da Uber”.
Estaremos num bordel (ou casa de ilusões) onde reina a Madame? Ou será uma corte onde reina a Rainha? Ou em ambos? Os paralelos estão lá certamente, assim como no texto que inspira a peça (A Varanda, de Jean Genet).
Lá fora, uma revolução. A dos cravos, a russa, a francesa, não importa. Uma revolução.
As personagens entram e saem da revolução, entram e saem da casa (corte), a rainha ouve-os e intervém. Há música, há violência, há conversa de café, há intensidade. Os quatro actores desdobram-se em múltiplas vidas dentro da peça.
O dispositivo cénico está muito bem conseguido, tanto nos materiais usados como na iluminação (vários lustres que vão sendo acendidos ou apagados para assim dar visibilidade a partes da cena).
Ana Ribeiro, António Duarte, Paula Só, Paulo Duarte Ribeiro e Victor Gonçalves são os intérpretes, sempre intensos, competentes, por vezes hilariantes. Destaco as tiradas de Paula Só, saindo propositadamente da personagem. O que ela queria era fazer a Medeia. Não a fez desta vez, mas esta rainha assenta-lhe que nem uma luva.
“A Rainha”, de Ana Ribeiro e António Duarte
18-25 fevereiro
Latoaria
Lisboa
A partir d’A Varanda de Jean Genet
Encenação e Dramaturgia: Ana Ribeiro e António Duarte
Sonoplastia e Música: António Duarte
Interpretação: Ana Ribeiro, António Duarte, Paula Só, Paulo Duarte Ribeiro e Victor Gonçalves
Uma produção Independente das Divas Iludidas